segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Nada a declarar

  Faz frio e eu estou com uma vontade imensa de sair de casa. Queria uma pizza, um carro, uma cama... Queria coragem, cabelos desarrumados, queria paz. No fundo eu queria mesmo é poder ter certeza do que eu realmente queria.
  É complicado porque pela primeira vez, eu posso te ter em minhas mãos, mas não preciso disso para seguir meus dias como de costume. Geralmente isso vinha do avesso e eu ficava perdida durante milênios tentando me solucionar, nos solucionar. Claro que ainda me vem um conforto enorme ao ver nossas fotos no mesmo lugar, que posso sentir a umidade encostar-se a meus cílios quando me deparo com aquela famosa lua cheia, e às vezes, lá bem às vezes, ainda acordo sorrindo e repetindo o quão você é bobo ou na verdade o quanto eu sou. Só que os últimos meses vieram cheios mudanças, e olha, não por acaso, pude entender que indiferença é o real oposto do amor. Espontaneamente eu me vi distante, distância agora não só física, distância de alma, de intimidade.
  Mas é estranho poxa, passamos uma vida nos habituando a segurar o arrepio, a conter a tendência do toque, das mãos, dos olhos, e depois esse controle surge sem nenhum tipo de comando, trazendo a ociosidade a algo que tanto condecorávamos. Eu não reclamo, mas é estranho, e muito. Estranho não sentir aquele constante desejo em te sequestrar, não querer ligar às 4 da manhã só pra ter o prazer de ouvir a voz rouca e mal humorada que nem ao menos respondia. Velho, estranho mesmo, é não te achar o cara mais lindo do mundo, possuidor do melhor beijo, da melhor bunda... Talvez ainda do melhor sorriso, mas sorrisos são para outras ocasiões.
  Nem se eu fosse um pouco mais convencional, gostando de coisas simples como chocolate e de banho, ou então de dormir em uma tarde de chuva. Ter uma TPM com 3 e não com 20 estágios, e nem deixando de possuir todas as dores e complicações que mencionarem, eu ainda assim continuaria a ser uma negação diante do inquestionável sexo oposto! Inclinação filha da mãe essa minha, de querer possuir o que involuntariamente já me possui, mas que não tem a mínima intenção de ser possuído.
  Vejo gente nova no pedaço, assim como posso ver os antigos voltando a me aloprar. Já é fácil falar da dor, visto que esta já não arde, mas é sempre bom que tomemos cuidado; ouvi dizer que o vento é capaz de trazer o que por si próprio foi levado.
  Que venham as férias e as tempestades. A rua, o bar, a lua. Que venham as intrigas, os beijos e as lágrimas. Que venha, que venha tudo que estiver por vir.

domingo, 16 de outubro de 2011

Ao final de mais um ciclo - 3º Colegial

  ''Boa Noite! Hoje, por incrível que pareça não estou aqui com a função de dar alguma bronca ou então de explicar aquela matéria de química que ficou mal entendida. Hoje eu venho especialmente dirigir minhas meras palavras aqueles dos quais eu seguramente posso chamar de irmãos.
  Nos últimos dias, eu tenho visto que o mundo lá fora não é assim tão acolhedor como os metros quadrados de nossa sala. Tenho aprendido que a ausência trás um aperto bem maior do que aquele que enfrentamos nas semanas de provas e que intimidade é um fator decisivo diante do meu mau humor matinal.
  "Por mais árdua que seja a luta, por mais distante que um ideal se apresente, por mais difícil que seja a caminhada, existe sempre uma maneira de vencer: A Nossa Fé."
  O ser humano nasceu para aprimorar-se. Não bastam apenas os ensinamentos ditados pela família, queremos mais... E se queremos mais, é porque reconhecemos que ainda temos muitos caminhos a trilhar. Se queremos mais, é porque temos objetivos, esperança, e acima de qualquer coisa, todos nós, temos sonhos. Sonhos que nos impulsionam a mudança e a mudança assusta, assusta porque contradiz a rotina. Mudar é irrefutável, mas não necessariamente seguro. A alteração nem sempre nos leva a um estado de espírito melhor que o anterior, mais mesmo assim ela acontece, sem dó, nem resposta, só acontece. E é agora, esse é o final de um dos muitos ciclos que ainda iremos concretizar; ciclo longo, carregado de números, fórmulas e datas, mas delicadamente decorado com a hombridade do companheirismo e da força de vontade.
  Não haverá espaço capaz de armazenar tamanhas lembranças, nem peito acostumado a suportar a saudade que virá, mas a maturidade que conquistamos nesses anos de convivência será a representação fiel, de que cada segundo foi indispensável na formação das personalidade aqui presentes.
  (...) Aos meus amigos, eu lhes apresento o futuro. É, o futuro começou. Portanto, cultivem os segundos, valorizem as pessoas, respeitem os limites e conservem as amizades. O amor é o maior dom Deus, o perdão a maior conquista, e o sonho; a mais pura projeção de nossas vidas. Sorte a todos, que possamos nos reencontrar ainda muitas vezes até o final da trajetória, que as recordações não nos falhem nunca e que se a saudade apertar, ultrapassemos barreiras e rotinas à fim de nossa primordial felicidade. Que venha a faculdade, os amores, as festas, as realizações. Que venham tempos melhores consagrados pela grandeza deste do qual estamos finalizando.

Obrigada.''
Fragmentos da homenagem apresentada ao terceiro colegial de Santa Fé do Sul - Objetivo



 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O amor da sua vida

  Linda, coloque a maturidade na mala, tranque as desilusões no cofre tomando muito cuidado com o destino da chave, torça o amargo, retoque a maquiagem e exale tudo o que lhe convir com um enorme sorriso no rosto. Sorria! Sorria porque o amor da sua vida, certamente não baterá a porta com um buquê de rosas e um cartão citando Fernando Pessoa. Ele deve estar com outra agora, bêbado talvez, pedindo alguém em casamento ou quiçá até chorando por uma paixão qualquer que assim como no seu caso, passará.
  Ficar sentada com essas dezenas de fotos e livros que te fazem querer coisas erradas, não fará com que a pessoa certa tenha um lapso e desperte sabendo  seu endereço. Levante! Quem sabe não o encontra no elevador? Na sala de espera do psicanalista? Ou até mesmo no pronto socorro; onde você cuidará dele, ou ele de você, ou então, onde os dois estejam precisando de cuidados...
  O problema se torna realmente problema, se por um acaso, você já conheceu o amor da sua vida. Mas são nesses casos que eu boto fé nas coincidências, porque mesmo que as pessoas se percam como se nem ao menos tivessem se conhecido, que a página se rasgue, que novos capítulos comecem, mesmo que ciclos se fechem, que não exista contato, ainda assim, ‘o amor da sua vida’ vai continuar a ser ‘o amor da sua vida’, e quem já cruzou por ele sabe. Não existe máscara nenhuma que camufla a consciência e que controla o ritmo cardíaco.
  Sim! Eu apesar de tudo, acredito seguramente em destino, alma gêmea, cara metade, amores da vida. Então não se afobe, um dia desses a gente se esbarra por ai, eu sei.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Mas e você, tá difícil viver se enganando?

  Depois de muito tempo, eu entrei em uma de suas redes sociais só pra confirmar a sua volta. Abri uma foto dele com ‘novo amor de sua vida’ e não pude conter o sorriso. Sorriso? Sim, sorriso! Sorriso não só por eu ser possuidora de traços mais fortes e linhas mais bem definidas, sorriso não só por eu combinar algumas centenas de vezes a mais com ele do que ela, mas talvez, sorriso por eu continuar a enxergar na hegemonia daqueles olhos, a minha falta, que mesmo decorada com milhares de novas rotinas, continua me gritando. Tomara que meu sexto sentido não falhe quando ele resolver deixar a máscara e dar a cara a tapa, tomara que meus sonhos me previnam e que minha campainha só confirme, e tomare ainda mais, com mais força, que eu só vá até a porta para assegurar-me de que todas as trincas estão devidamente fechadas.
  Se você estivesse do meu lado agora, certamente diria: ‘Você deve estar ficando louca?’, minha resposta seria: ‘Mas e você, tá difícil viver se enganando?’.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Um brinde!

  Um brinde ao caos! Um brinde a ele, pois é quem nos trás a inquietação, quem nos arranca do estado de estaticidade, um brinde por tanto ao que nos move, nos concentra, brinde de angústia, de renovação, brinde de esperança.
  Quisá um dia, toda a ordem se estabelecer, não haverá qualquer articulação em função do novo, não haverá o que se encaixar, pois as peças do quebra-cabeça já estarão formando a figura final gravada na caixa. É mais o menos como a busca pela felicidade, desde que eu que lembre ouso falar daqueles que se julgam infelizes, mas os que já possuíram a tão cogitada, nunca a mantiveram, é como se tudo por tendência própria fosse direcionado a transformar-se. Mas afinal, porque a mudança assusta tanto se é praticamente uma lei da vida?
  A mudança assusta porque contradiz com a rotina, mudar é irrefutável mas não necessariamente seguro, a alteração nem sempre nos leva a um estado de espírito melhor que o anterior, mais mesmo assim ela acontece, sem dó, nem resposta, só acontece.
  Isso explica muita coisa, como altos e baixos, como a saudade, as recordações, a nostalgia... Se o ser humano não fosse tão fugaz, a probabilidade de nos estabilizarmos seria grande, mas que probabilidade ousada não, conquistar o equilíbrio e por tanto se manter imóvel diante de todas as sugestões e caminhos que perigavam dar certo, seria a solução para muitos, tudo bem e no lugar certo, para muitos, não para mim.
  Eu busco mais, eu quero mais diversidade pro mundo, mais intensidade, emoção, arrepio, carne e osso. Quero menos certezas, afinal, pra que mesmo que estas valem? Quero mais, sempre mais.
  Um brinde ao caos, e conseqüentemente, um brinde a minha adorável desordem!

sábado, 16 de julho de 2011

Esperar... esperar... esperar...

  Alguns vícios nunca nos deixam, manias são hábitos, carmas ou até mesmo como costumamos culpar; destino. Os piores são aqueles que te afundam, que derramam lágrimas e afastam o sono, e eu atribuiu a esses sintomas o fato mais ironicamente ingênuo que conheço, o fato de 'esperarmos'. Nós sempre esperamos de tudo e de todos, e esperar, quase sempre não nos move.
  Quem nunca passou a noite em claro esperando uma ligação? Quem nunca fez inúmeras simpatias para quê o final de semana praiano fosse ensolarado? Quem nunca subiu na balança esperando ao menos alguns números diminuírem? Quem nunca rezou, pediu, idealizou? Ou melhor, quem nunca se decepcionou?
  Dói, e que dor traiçoeira essa! Ela te cega, te fecha, rouba seu humor, sua fome, seu sorriso e devolve tudo na forma de um buraco, vazio. Você pode se entupir de qualquer tipo de droga e ainda comer uma tonelada de chocolate, pode malhar, fazer compras, assistir todos os filmes da locadora e ir à igreja todo santo dia; o rasgo não cicatriza fácil, crescer é doloroso e curar leva muito mais que tempo...
  Mas na verdade eu acho que ‘curar-se’ é incerto, curar-se em tradução é se livrar do superficial; o que é real, sem controle e lhe faz arder de ‘saudade’ em pleno domingo a tarde, não se cura nunca, apenas se estabiliza em algum canto, trancafiado em lugar algum, misturado aos novos personagens que lhe foi oferecido.
  Eu posso dizer seguramente que a dor, o aperto e o sufoco, passaram... E posso dizer que mudei, aliás, que mudei muito, que cicatrizei o necessário e voltei a gargalhar. Mas infelizmente não posso dizer que me desapeguei daquele vício inicial, continuo involuntariamente, esperando...

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Alô?

  Eu liguei pra avisar que eu estou voltando. Estou voltando porque cansei dessa de fingir; fingir amor, fingir indiferença... Chega de me apaixonar e depois de algum tempo ter de trocar as fechaduras e porta-retratos. Estou exausta de meias felicidades, de simples sorrisos e ligações de curta duração, na verdade, essa que eu tenho sido não satisfaz quem eu sempre fui.
  É estranho viver reorganizando as coisas, e mesmo com casa nova, outro celular, mesmo substituindo as músicas e as companhias, não conseguir livrar-me daquela sua maldita parcela que parece me embriagar, sempre.
  Estou voltando porque hoje pela manhã encontrei o seu endereço e resolvi não escondê-lo novamente, decidi acreditar, ti reencontrar, me encontrar. Estou indo encarar seus olhos, e mexer no seu nariz como de costume, estou indo ter certeza que não estive louca esse tempo todo, que é realmente ali meu ponto de paz, minha proteção insuportavelmente única.
  Eu estou voltando meu bem, e ao contrário do que parece, este não é um pedido, é um comunicado. Agora vai, pare de pensar na nossa música e no meu sorriso, limpe a casa e vá ao supermercado, não quero nenhum vestígio daquelas ‘sem classe’ que você deve estar enganando e meu apetite não mudou em nada nos últimos anos. Me espere, estou chegando. Eu te amo!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Amigos, cúmplices e irmãos

  O final do ano já não está assim tão longe visto de onde estamos agora e essa transição não é apenas mais um passar de dígitos no espaço final de nossa data, esse é o fechamento de um ciclo, o término de um longo capítulo e início de uma nova fase.
  Acreditem vocês ou não, me assusta imaginar-me sozinha, em meio a pessoas que não conhecem minhas crises e meu humor matinal, é estranho pensar que não haverá tramas, discussões e abraços naqueles momentos dos quais estou tão habituada a estar. Difícil será não ver cada expressão das quais conheço tão bem, os sorrisos, os olhares... E como os olhos de quem realmente conhecemos nos dizem coisas, eles gritam o que timbre nenhum é capaz de transmitir. 
  E agora às minhas melhores amigas; como é que nós vamos seguir sem umas as outras? 
  Elas praticamente possuem a chave de casa, um lugar na cama e um travesseiro oficial, nossos guarda-roupas estão sempre compartilhados, a  vontade mais absurda de alguma comida acaba se tornando unanimidade e não há uma foto se quer sem que todas estejam, mesmo que seja apenas com a força da falta marcada em seu espaço. Não teve nenhuma de nós que não chorou enquanto era aconselhada, e eu ainda não vi alguma aconselhadora não chorar deixando seu papel ser assumido por outra. 
  Conhecem minhas manias, minhas dores, minhas caras. Me atendem de madrugada, me visitam de madrugada, me escutam, e me escutam muito viu. O que vai ficar não é apenas um retrato ou algum objeto esquecido, coisas de verdade nunca se perdem, aprendi isso, coisas verdadeira voltam com o tempo, com a mudança do ano ou da estação, afinal quem sabe não nos encontremos na próxima esquina? 
  É promessa de vida, que eu irei procurar todos que me fizeram sentir, não duvidem, irei em direção ao sol, eu curto mesmo grandes altitudes e aquele vento bagunçando meu cabelo, o que me trás adrenalina é o que trás paz. Então se eu sou capaz de abrir o meu cobiçado sorriso contigo, me espere, logo logo estarei de volta. Um beijo.

sábado, 28 de maio de 2011

Cuidado!

  Essas novas músicas e lugares não alteram a essência e nem apagam uma se quer vírgula do passado. O ritmo é visivelmente outro, mas basta alguns compassos da antiga versão para que nossos corpos se movam em direção a tão conhecida dança.
  A minha falta não se anula com um peso qualquer, essa carga só te instiga, lhe abre um caminho de fuga, assim como sua íra escancarada que tenta deformar o meu poder. Eu realmente torço para que se livre de mim, pois não costumo facilitar as coisas, se é que me entende, não caia na ilusão de adormecer-me ai dentro, meu sono é leve; cuidado.
  Seu problema sempre foi não saber o que fazer diante de mim, então, distância, problema resolvido. Muitas vezes resolver problemas nos trazem alguns buracos, nós passamos tanto tempo na tentativa de decifrá-los, que quando estes se vão, a magia se perde. Resolvê-los é sem sombras de dúvidas o racional, mas pouco esta razão pode ajudar diante do vazio que nos retorna, se livrar da preocupação quase sempre me leva a rotina, e rotina sinceramente é uma merda.
  A última dica; as coisas passam quando tiverem que passar, e se tiverem. Substituições não resolvem muito e jogos ensaiados de palavras não mudam o que há realmente em seu interior. Cuidado com as pessoas que está envolvendo em seu processo de reconstrução camuflado, nós bem sabemos que isso nunca acaba bem, então novamente, muito cuidado.

sábado, 7 de maio de 2011

Sonho bom

  Mesmo só me lembrando das cervejas, aquele cheiro de sky, cigarro e menta ocupava meu quarto e embriagava o pouco de lucidez que me restava. Como de lei nessas situações; celulares desligados e roupas perdidas por todo o apartamento, do qual eu só tive certeza que era o certo depois de algumas tentativas com a minha chave pela vizinhança.
  Não sei quanto tempo dormi, já era praticamente impossível ver o relógio, quem dirá os números dele, só sei que foi pouco, muito pouco tempo, pois quando a 'campainha' me acordou meus olhos não tinham a mínima intenção de reagirem, mas quem quer se fosse do outro lado da porta estava realmente empenhado em me fazer levantar, e como isso me custou caro.
  Lá foi-se eu e os meus pés numa trilha cheia de acessórios espalhados e para nos acompanhar aquele barulho persistente, que não cessava nem por um segundo. Eu estava de fato desorientada, mas nem por isso deixei de sentir aquela coisa estranha da qual já nem me lembrava mais. O olho mágico estava todo negro, só havia um vulto meio distorcido, e lá estava eu, estática, não abriria jamais a porta sem saber quem estava do outro lado, mais não foi preciso nomes e nem nenhuma palavra, eu vi passando por entre a fresta rente ao chão uma correntinha, a minha correntinha.
  A campainha calou-se, e naquela hora a minha sensibilidade era tão grande, que eu podia ouvir a respiração  tão conhecida do outro lado, mas as coisas ainda giravam e no fundo eu nem sabia se realmente havia alguém ali ou se só era minha imaginação aguçando-me novamente.
  O coração na boca, e a boca entre-aberta em sinal de desentendimento, lógico que eu tive que abrir a porta e depois eu me perdi, definitivamente. A visita mais inoportuna e esperada dos últimos 5 anos estava ali, na porta de casa, com aquele mais lindo sorriso 'meu', e os olhos que sempre me ganhavam fácil.
  Injusto, eu estava alcoolizada e ele havia dito inúmeras vezes que nunca iria me procurar, se não o conhecesse tanto até acreditaria que a escolha do dia e do horário fossem coincidências, mais era fato que ele sabia o que estava se passando. 
  Nenhuma frase completa foi pronunciada no resto do fim da madrugada, e logo os outros sentidos foram dando forma a minha forte tendência, pouca resistência, há tempos não ficava sem ar, sem fala, sem tudo... Os meus olhos antes sem reação, não se fechavam mais, não podia dormir, tinha medo de acordar em outro dia,  medo de ressurgir a qualquer hora, entrelaçada naquilo que só cabia mesmo em mim.
  Quando percebi, o sol iluminava todo o quarto, abarrotado de cores, sentidos e sabores, eu estava aquecida e serena, e isso logo de manha depois de uma noite de embriagues era inédito, só pude mesmo observar ainda que calada, que ao meu lado direito da cama repousava o sonho da noite passada, e foi ali que meu singelo sorriso trouxe tranqüilidade ao lado esquerdo do peito, meus olhos fecharam-se deixando nossa mistura de perfumes embarcar o sono, assim, simples, pra sempre.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Você por aqui sol

  Hey sol, eu sinceramente achei que não fôssemos nos ver nunca mais, você se foi e me deixou com a aquela pior companhia, quanto tempo estou esperando pra sentir novamente esse calor arrebentando em minha pele e essa claridade que me cega frente ao azul do céu, totalmente livre de qualquer tipo de nuvem. Quantas vezes eu olhei pra tempestade e diante daquelas inúmeras coisas fora do lugar, fui me perguntando sobre o seu paradeiro.
  Sua ausência por si própria me ensinou, que quando caímos, ninguém vai conseguir ti reerguer; não que força não seja o necessário, mais amigo algum levanta quem ainda não está pronto para ver o mundo de cima novamente. No final, você se levanta pelo cansaço de disfarçar as olheiras diariamente e pela nostalgia das mesmas cenas e músicas repetidas. A diferença é que desta vez foram as suas pernas que ti impulsionaram, podendo assim ti sustentarem sem nenhum tipo de apoio que lhe devolveria o chão quando retirado.
  Na real, as vezes essa abstinência de umidade me faz mesmo que remotamente querer te ver partir, mas é melhor que não vá, mais seguro.
  

domingo, 20 de março de 2011

Vem comigo

  Vem, entre no meu carro, mas não se assuste com o meu clássico Ray Ban aviador e nem ao menos com meu fanático repertório peculiar. Coloque o cinto, a força nos meus pés correspondem ao meu estado de humor, então certamente iremos ter várias oscilações na velocidade. Não estranhe o meu GPS desconectado e nem tente me orientar, vamos seguir a esmo, sem bússolas, mapas ou alguma direção, o objetivo é deixarmos as irrelevâncias e buscarmos as coincidências, deixando o acaso nos atirar além dos limites de nossos planos.
  Traga apenas um sorriso estampado e algum dinheiro no bolso, de pessoas nostálgicas já me basta e pagar a conta toda sozinha não é meu hobby favorito. Aconselho também a habituar seu estômago; minha alimentação é vasta, vasta de besteiras distribuídas aritmeticamente durante todo o tempo do qual meu organismo corresponde aos meus estímulos, junto a desorganização dos fast foods espalhados em meio aos bancos abarrotados dos mais diversos souvenirs.
  Se às vezes observar sobre meu rosto algum sinal de umidade, foque a estrada e me conte suas aventuras amorosas, pois seguramente meu silêncio irá lhe fazer companhia. Não se preocupe com o meu cabelo, ele é independente o suficiente para se ajeitar sozinho e eu sou impaciente a ponto de só me incomodar com o destino desconhecido do qual eu tanto tento decifrar.
  Vem, eu ti explico depois de mostrar algumas fotos, fragrâncias e histórias que meu único inimigo é a solidão. Então, venha, mais só se for pra vir por inteiro, pra me sentir por inteira e para ser meu sem nenhum tipo de fração, porque se não for assim, eu abro a porta ti deixando no primeiro posto que encontrar, volto e busco todos os meus amigos que irão seguramente lotar o meu banco traseiro e todo o porta-malas além de discutirem sobre a ocupação do banco ao meu lado, me trazendo assim todo o êxtase do qual eu ainda procuro em algum desconhecido perdido no meio de tantas estradas a percorrer.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Por mim

  Dessa vez, minha tendência a não seguir as regras definitivamente só me fez regredir. Escutar nunca foi o forte dos personagens desse contexto, figuras ilustres que fizeram da inegável semelhança a mais desconhecida trama que já se pode ver. Nunca imaginei que isso me daria tanto trabalho e muito menos que eu daria tanto trabalho a isso.
  Tempestade que custou a passar, quase mais do que os dias de sol que lá tive, e foi preciso uma avalanche cheia de mágoas e lágrimas para que enfim minha incansável ficha pudesse cair, a bebida me fez fazer o que a minha sobriedade jamais libertaria e mesmo com o desfecho em totalidade desastroso, consigo ver que seria a unica maneira de despertar meus olhos para eu mesma.
  Não que não vá ficar saudades, lembranças e vestígios, mas hoje eu vivo por mim, pela minha felicidade. Amar tem como obrigação lhe trazer benefícios, e se por um acaso isso não lhe retorna é porque é hora de rever suas prioridades. Precisamos de tempo, tempo pra nós, tempo para deixarmos o mesmo que passou como um capítulo longo e intenso da talvez melhor época de nossas vidas, talvez. Eu preciso lhe dar tempo e aprender a lidar com o meu, preciso me dar paz, e seguir, apenas seguir.
  Provavelmente tudo que lhe entreguei com aquelas palavras foi irrelevante, mas pessoas tendem a esquecerem os episódios ruins com o passar, no fundo espero que isso aconteça e que se elas não fizeram efeito que façam um dia desses futuros quando a nostalgia invadir teus pensamentos, pois se não fizerem, a unica reação da qual poderei oferecer, será um singelo lamento de quem preferia que as coisas fossem diferentes mas que se cansou viver pelos outros. Até.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

À quem couber

  Me desculpem, ando meio ausente das palavras aqui organizadas. Falta de tempo talvez, falta de capacidade ou até falta de conteúdo, não idealizo coisas pela metade, e nesses últimos dias tem me feito falta as coisas por inteiro, botando em xeque toda a petulância das minhas novas rotinas. Sinceramente, eu nadaria contra a correnteza sozinha, se pudesse ter algumas delas de volta, apenas algumas. Outras já se encontrar em outro tempo, em estado de recordação, tudo tão mais tranqüilo agora, e mesmo assim as chances que me escaparam, possuem o poder de reorganizar da sua maneira meu estado de humor.
  Eu tenho me controlado como nunca, como nunca me descontrolei. Contraditório? Real, a mais pura e enigmática versão, todos já guardaram as fixas e até mesmo nós paramos de jogar, mas então por quê ainda estamos sentados à mesa? Por quê insistimos em nos olharmos ao menos que seja por mera curiosidade? Muitas respostas, mas o tempo é bem mais que o girar dos ponteiros, o tempo transforma, e trás de volta o que tiver que voltar e da maneia com a qual isso tem que acontecer, cabe então a nós nos adaptarmos a essas mudanças que de tão estranhas chegam a causar insanas inseguranças.
  Alguns irão saber analisar o que foi sub-entendido nessas breves linhas, outros vão associar e junto com as coincidências tirar pra si alguma lição, e ainda há aqueles que não absorverão absolutamente nada, à estes, que pelo menos fique a certeza de que tudo que foi escrito foi por completo, sem tamanhas deixas das quais eu tenho que lidar diariamente.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

E para o meu 2011

  Eu decidi que não se nega o amor, amor nunca é demais, lógico, o amor verdadeiro; seja ele de amigo, de irmão, de namorado, de bicho de estimação ou de família, eu largo tudo esqueço o mundo, jogo fora o que quer que me peçam, mas só se me for garantido que lá na linha de chegada há um embrulho amarrado com uma fita vermelha contendo toda a ternura e a contradição implícita que esse sentimento enlouquecedor pode causar. Cansei de pensar no que podem achar da minha escolha, de como as interpretações podem vir, sempre me preocupei demais, mas nunca fiz nada a for de uma boa imagem, agora é hora de jogar as cartas pro ar e deixar elas se organizarem sozinhas.
  Eu quero perder o sono; estudando, conversando, comendo, beijando... Eu quero viajar, conhecer novos horizontes, quero gargalhar ao olhar meu 2010, mas também quero minhas recordações acessas e incendiando todo meu presente, quero reencontrar pessoas perdidas, quero menos investigações, menos lágrimas, quero o meu nome na lista de aprovados, quero homens novos e os amigos de sempre, quero desapego e apego, quero menos sexto-sentido pro meus dias, quero olhar pra trás quando mais uma virada passar e assim como fiz esses dias abrir um sorriso e dizer: 'Faria tudo outra vez, em dobro'.  
  Feliz 2011!