segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Nada a declarar

  Faz frio e eu estou com uma vontade imensa de sair de casa. Queria uma pizza, um carro, uma cama... Queria coragem, cabelos desarrumados, queria paz. No fundo eu queria mesmo é poder ter certeza do que eu realmente queria.
  É complicado porque pela primeira vez, eu posso te ter em minhas mãos, mas não preciso disso para seguir meus dias como de costume. Geralmente isso vinha do avesso e eu ficava perdida durante milênios tentando me solucionar, nos solucionar. Claro que ainda me vem um conforto enorme ao ver nossas fotos no mesmo lugar, que posso sentir a umidade encostar-se a meus cílios quando me deparo com aquela famosa lua cheia, e às vezes, lá bem às vezes, ainda acordo sorrindo e repetindo o quão você é bobo ou na verdade o quanto eu sou. Só que os últimos meses vieram cheios mudanças, e olha, não por acaso, pude entender que indiferença é o real oposto do amor. Espontaneamente eu me vi distante, distância agora não só física, distância de alma, de intimidade.
  Mas é estranho poxa, passamos uma vida nos habituando a segurar o arrepio, a conter a tendência do toque, das mãos, dos olhos, e depois esse controle surge sem nenhum tipo de comando, trazendo a ociosidade a algo que tanto condecorávamos. Eu não reclamo, mas é estranho, e muito. Estranho não sentir aquele constante desejo em te sequestrar, não querer ligar às 4 da manhã só pra ter o prazer de ouvir a voz rouca e mal humorada que nem ao menos respondia. Velho, estranho mesmo, é não te achar o cara mais lindo do mundo, possuidor do melhor beijo, da melhor bunda... Talvez ainda do melhor sorriso, mas sorrisos são para outras ocasiões.
  Nem se eu fosse um pouco mais convencional, gostando de coisas simples como chocolate e de banho, ou então de dormir em uma tarde de chuva. Ter uma TPM com 3 e não com 20 estágios, e nem deixando de possuir todas as dores e complicações que mencionarem, eu ainda assim continuaria a ser uma negação diante do inquestionável sexo oposto! Inclinação filha da mãe essa minha, de querer possuir o que involuntariamente já me possui, mas que não tem a mínima intenção de ser possuído.
  Vejo gente nova no pedaço, assim como posso ver os antigos voltando a me aloprar. Já é fácil falar da dor, visto que esta já não arde, mas é sempre bom que tomemos cuidado; ouvi dizer que o vento é capaz de trazer o que por si próprio foi levado.
  Que venham as férias e as tempestades. A rua, o bar, a lua. Que venham as intrigas, os beijos e as lágrimas. Que venha, que venha tudo que estiver por vir.

Um comentário:

  1. Isaa, eu realmente gostei, acho que serve pra muitas das minhas ocasiões, PARABÉNS!!!

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