Não era propriedade minha e nem se quer comigo estava, mas era como se cada gesto, cada movimento e cada palavra fossem continuamente inspecionados pelos meus grandes olhos atentos, que pressentiam e calavam-se, insatisfeitos.
Fúria incontrolável, inexplicável, que cega. O único sentimento que me faz perder a razão, como uma chama que queima e arde, porque só de imaginar me vem um arrepio estranho e incoerente. Eu nunca achei que estava certa, mas não deixei de resmungar com aquelas que sentia que estavam erradas.
O sorriso se ia e por mais que eu tentasse, não voltava aos meus lábios. Suas quentes mãos envolvendo cinturas alheias, seus olhos em outros e seu pensamento longe, rasgavam-me o peito e mudavam meu humor instantaneamente.
Nós vivíamos tão distantes, mas era como se eu pudesse entender e prever seus atos e suas intenções, afinal aquele tempo todo juntos, pra alguma coisa tinha que me servir.
Derramei inúmeras vezes, dolorosas lágrimas acompanhadas do sentimento de derrota e ódio. Eu queria tê-lo do meu lado, sempre, e faria o que fosse preciso pra isso. Passei dias sem falar, discutindo e acusando pessoas queridas que não tinham culpa do meu sentimento de posse e nem do meu grandioso vício.
Por mais que tentasse, minha ira sempre falava mais alto, mas eu jamais entendi como pude ser viciada em algo que nunca havia provado e nem se quer me dizia respeito? O tempo passou, eu fui aprendendo a cuidar de quem cuida de mim, ele se foi, já nem sei mais por onde anda, me arrependo por ter me descontrolado tantas vezes. O ciúme ainda permanece aqui, rondando todos “os meus”, de um jeito ou de outro, mas o controle dele só depende de mim e eu aprendi a lidar com as minhas fraquezas.
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