segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Então, perdemos novamente o controle

  Seria relativamente fácil deixar passar, fugir, simplificar; mas junto com nosso currículo de anos acarretou-se uma coisa muito maior do que qualquer delimitação. Quando estamos lá, eu falo mais do que nunca, talvez até seja uma maneira de transbordar tamanha mistura de sentimentos e opiniões, perco a vergonha, o medo, o vazio.   
  As controversas não são pequenas nesse cenário todo, meus olhos quase sempre rumam outro ponto fixo, porque se focassem no antigo e caloroso lugar de costume, tudo poderia transparecer, mesmo que na verdade tudo esteja em carne viva, tudo esteja gritando, sufocando. Nós procuramos não nos tocarmos depois do singelo beijo de cumprimento e eu poderia sentir até de olhos fechados os movimentos ultrapassarem a linha do seu campo e discretamente procurarem algum vestígio meu, mas eles sempre param antes do golpe e retornam silenciados pela brisa de consciência que insistia em soprar, trazendo à tona toda a razão que deveríamos ter.   
  As lágrimas seguramente caem no final, elas dizem o que nossas bocas foram proibidas de falarem e fazerem. Tudo sempre gira em torno do de costume, e eu já nem me lembro mais quantas vezes nós tivemos esse tipo de conversa e não resolvemos nada, não saímos do mesmo lugar e das mesmas palavras politicamente corretas que felizmente ou infelizmente nunca saíram da teoria.  Pronto, é hora de ir embora, pra não variar eu perdi a noção do tempo e alguns quarteirões a mais circundam nossa despedida. Complicado, até agora não sei direito da onde veio tudo aquilo, da onde você veio, e lógico; por quê? O meu psicológico estava sendo severamente treinado para algumas atitudes daqui a aproximadamente um mês, mas ele se esquece que probabilidades nunca funcionaram conosco, e a única certeza que nós sempre embaçamos é sempre a que predomina no final, quando os pólos opostos gritam mais alto que a dor da última lágrima e você insiste que mais um abraço sufocaria o desejo fluente que se percebia pelo nosso toque, agora menos contido.  
  Não me orgulho de nada que possa ter acontecido, intimidade é uma coisa complicada, envaidecida, e isso tudo só me serviu pra destruir as teorias das últimas semanas e manter a primeira e única, que a cidade toda comenta e nós relutamos, pelo menos até o próximo reencontro. 

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