sábado, 16 de julho de 2011

Esperar... esperar... esperar...

  Alguns vícios nunca nos deixam, manias são hábitos, carmas ou até mesmo como costumamos culpar; destino. Os piores são aqueles que te afundam, que derramam lágrimas e afastam o sono, e eu atribuiu a esses sintomas o fato mais ironicamente ingênuo que conheço, o fato de 'esperarmos'. Nós sempre esperamos de tudo e de todos, e esperar, quase sempre não nos move.
  Quem nunca passou a noite em claro esperando uma ligação? Quem nunca fez inúmeras simpatias para quê o final de semana praiano fosse ensolarado? Quem nunca subiu na balança esperando ao menos alguns números diminuírem? Quem nunca rezou, pediu, idealizou? Ou melhor, quem nunca se decepcionou?
  Dói, e que dor traiçoeira essa! Ela te cega, te fecha, rouba seu humor, sua fome, seu sorriso e devolve tudo na forma de um buraco, vazio. Você pode se entupir de qualquer tipo de droga e ainda comer uma tonelada de chocolate, pode malhar, fazer compras, assistir todos os filmes da locadora e ir à igreja todo santo dia; o rasgo não cicatriza fácil, crescer é doloroso e curar leva muito mais que tempo...
  Mas na verdade eu acho que ‘curar-se’ é incerto, curar-se em tradução é se livrar do superficial; o que é real, sem controle e lhe faz arder de ‘saudade’ em pleno domingo a tarde, não se cura nunca, apenas se estabiliza em algum canto, trancafiado em lugar algum, misturado aos novos personagens que lhe foi oferecido.
  Eu posso dizer seguramente que a dor, o aperto e o sufoco, passaram... E posso dizer que mudei, aliás, que mudei muito, que cicatrizei o necessário e voltei a gargalhar. Mas infelizmente não posso dizer que me desapeguei daquele vício inicial, continuo involuntariamente, esperando...

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